O perfil do trabalhador brasileiro tem mudado nos últimos tempos, sobretudo em razão da instabilidade econômica. Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego vai continuar subindo neste ano e deve chegar a 11%. De acordo com relatório da OIT (Organização Internacional do Trabalho), o número de desempregados no Brasil subirá de 7,7 milhões em 2015 para 8,4 milhões em 2016. Mas, enquanto para uns o cenário é desanimador, outros encontram na crise uma oportunidade para empreender. Às vésperas do Dia do Trabalho, reunimos especialistas para dar dicas de como iniciar um novo empreendimento e tentar não ser vítima da retração da economia.
Como começar
Muitas vezes o mais difícil é conseguir o capital inicial para colocar em prática uma boa ideia. O microcrédito pode ser uma boa alternativa neste caso. Com taxas de juros acessíveis e processo desburocratizado, o empréstimo facilita a abertura do negócio, investimentos em tecnologia, logística e até mesmo capital de giro. “A instituição de microcrédito torna-se um instrumento de geração de renda e emprego, pois viabiliza estratégias inovadoras ao mercado. Quem vai abrir um micro ou pequeno negócio ou até mesmo quem precisa reformar ou ampliar, não terá taxa de manutenção de conta ou taxa de adesão, IOF, abertura de cadastro, ou outras taxas sobre prestação de serviços, pagando apenas uma taxa se o crédito for liberado”, explica Ido José Steiner, presidente da BluSol (Instituição Comunitária de Crédito Blumenau Solidariedade), que oferece empréstimos de valores de R$ 250,00 a R$ 30 mil, com prazo de pagamento de até 30 meses.
O grande diferencial da BluSol é trabalhar para viabilizar recursos para pessoas ou empresas que queiram desempenhar alguma atividade empreendedora, sem que para isto tenham que ter conta bancária. “Muitas vezes entramos para financiar justamente os recursos necessários para dar o primeiro passo e assim viabilizar o dinheiro necessário para abrir um novo negócio”, ressalta o presidente.
Quem abre um novo negócio também deve estar atento à confecção do contrato social, onde são relacionados aspectos práticos do funcionamento do negócio. Em Blumenau, pode-se buscar apoio na Praça do Empreendedor, que fica no Shopping Park Europeu. Outro passo importante é escolher o regime de tributação. Segundo o advogado especialista em Direito Tributário, Marco Aurélio Poffo, do BPH Advogados, o empresário possui algumas opções para criação do seu negócio. A primeira e mais simples é ser Micro Empreendedor Individual – MEI. Para tanto, é necessário faturar no máximo até R$ 60.000,00 por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular.
“Entre as vantagens oferecidas por essa lei está o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilita a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais”, explica Poffo. Além disso, o MEI será enquadrado no Simples Nacional e ficará isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). Assim, pagará apenas o valor fixo mensal de R$ 45,00 (comércio ou indústria), R$ 49,00 (prestação de serviços) ou R$ 50,00 (comércio e serviços), que será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. Essas quantias serão atualizadas anualmente, de acordo com o salário mínimo.Caso a empresa não se enquadre no conceito de MEI, ela pode adotar outros três regimes de tributação diferenciados: Simples Nacional, pelo Lucro Presumido e pelo Lucro Real.”Há uma grande diferença na tributação destes três tipos de empresa. Como já é de amplo conhecimento, as empresas do Simples geralmente pagam menos impostos. Já entre o Lucro Presumido e Lucro Real, a diferença está na margem de lucro da operação. Se uma indústria ou um comércio tiver uma margem de lucro líquida final, após descontadas todas as despesas, de mais de 8%, é recomendável a adoção do Lucro Presumido. Caso a margem de lucro de uma indústria ou de um comércio seja menor que 8%, passa a ser viável a adoção do Lucro Real, pois a empresa pagará menos tributos de forma legal”, orienta o advogado.
Preparação
Apesar de parecer arriscado, abrir o próprio negócio em momentos de crise pode trazer benefícios aos novos empreendedores. De acordo com o diretor da SBA Consultores Associados e consultor em Gestão Estratégica e Humana, Sidney Bohrer de Aguiar, após o período de recessão na economia, ocorre um ciclo de crescimento forte, fazendo com que aqueles que investiram possam colher bons frutos quando este período chegar. “Os empreendedores que criarem a base do seu negócio de forma estratégica e bem amparada neste período mais cauteloso, vão conseguir ganhar destaque no mercado e conquistar excelentes resultados quando a economia passar a registrar uma melhora significativa”, ressalta.
Segundo o consultor, a crise precisa servir como uma espécie de motivador aos futuros empreendedores. Para isso, Sidney destaca a importância de pensar no que você pode fazer de diferente, que possa lhe proporcionar destaque e resulte na evolução do seu negócio. “Seja cauteloso, mas continue persistindo e não se deixe levar pelas circunstâncias agressivas da atual economia. Estude o mercado e obtenha o máximo de informações sobre o segmento que você deseja investir”, aponta.
Auxílio da tecnologia
Com a necessidade cada vez maior de planejamento e controle, e os desafios constantes, as ferramentas on-line têm se tornado fundamentais para a sustentabilidade e o sucesso dos empreendimentos. Por meio da tecnologia Cloud Computing, ou Computação em Nuvem, os pequenos e médios negócios puderam passar a utilizar inovações e sistemas que há poucos anos tinham custos extremamente elevados. Essa tecnologia ajuda a reduzir gastos, proporciona acesso facilitado e ainda permite que as empresas mantenham suas informações fora dos servidores físicos, com mais segurança.
Com sistemas de gestão on-line, como o myrp, é possível emitir, gerenciar e armazenar, por exemplo, os documentos fiscais eletrônicos (e-Docs) da empresa, como a Nota Fiscal eletrônica (para todos os segmentos), o Conhecimento de Transporte eletrônico (muito importante para transportadoras) e a Nota Fiscal do Consumidor eletrônica (para o varejo). “As soluções on-line garantem a integração completa das informações, o que no caso de uma NF-e, por exemplo, pode evitar a emissão errada de uma nota fiscal e, como consequência, a geração de um possível passivo tributário com o Fisco. Com isso, o sistema proporciona agilidade e até evita custos desnecessários provocados por eventuais falhas de digitação e entrada de informações”, destaca o diretor técnico do myrp, Tibério César Valcanaia.
As ferramentas de gestão podem ainda contribuir para um gerenciamento financeiro mais completo e eficiente, tão essencial nos dias atuais. Os sistemas possibilitam, por exemplo, que o empresário visualize um fluxo de caixa previsto para os próximos meses, com os valores planejados de recebimentos e pagamentos. Assim, o gestor pode ter uma noção mais exata do futuro do negócio e controlar melhor a entrada e saída do dinheiro. “Hoje, já considera-se como certo que o descontrole do fluxo de caixa é um dos fatores que contribuem para levar uma pequena empresa à falência, por isso a grande importância que um sistema de gestão pode ter”, destaca Valcanaia.
Divulgação
Depois que o negócio já está no mercado, uma ação importante é a divulgação dos produtos ou serviços. Pelo menos neste começo, não é necessário investir muito para iniciar a comunicação. “Com a internet, temos opções bastante acessíveis e eficazes de divulgação para os pequenos negócios. Mas, é preciso ter em mente que não basta criar uma página no facebook ou fazer um blog. É preciso planejar, conhecer o público-alvo e produzir conteúdo de qualidade para este público”, aponta a jornalista especialista em Gestão da Comunicação Empresarial, Cristiane Soethe Zimmermann. Ela indica o uso das redes sociais corporativas, como uma fanpage no Facebook, LinkedIn e ferramentas gratuitas de criação de blog como wordpress. A atualização deve ser constante e é igualmente importante promover o engajamento do público envolvendo o mesmo com assuntos de interesse.
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