Por Daniela Viek, especialista internacional de marcas pessoais
Quem não conhece, mesmo que apenas por fotografia, a icônica pintura do Muro de Berlim retratando um beijo entre o líder soviético Leonid Brejnev e o premiê alemão oriental Erich Honecker, baseada na famosa fotografia capturada pelo francês Régis Bossu? O célebre “Beijo fraternal socialista” consiste em um abraço, combinado com uma série de três beijos em bochechas alternadas, ou nas duas bochechas e na boca. A tradição foi embora junto com o comunismo na Europa Oriental. Porém, a imagem de dois líderes internacionais se beijando na boca gerou algum desconforto na época e ainda hoje é motivo de interesse dos turistas que visitam Berlim.
Não estamos nos referindo aqui a nenhum tipo de preconceito, mas de algo relacionado à interculturalidade: as diferenças entre os códigos sociais. Utilizei o exemplo do beijo para evidenciar como aquilo que é considerado usual em um país pode não funcionar bem em outro. Apesar da globalização cada vez maior, ainda existem fronteiras culturais que devem ser respeitadas. Mais do que isso, precisam ser estudadas por quem visita um solo estrangeiro.
Tomemos o exemplo recente do médico brasileiro Victor Sorrentino no Egito. Aqui nem entraremos no mérito das declarações realizadas, basta uma investigação online para tomar ciência do ocorrido. A intenção não é julgá-lo, nem mesmo minimizar a gravidade dos comportamentos em solo estrangeiro. O que eu trago para reflexão é sobre como o despreparo e a falta de conhecimento dos códigos sociais podem repercutir negativamente na imagem e reputação, principalmente se for uma pessoa pública com milhares de seguidores nas redes sociais. Para os islâmicos, desrespeitar uma mulher de véu é quase o mesmo que desrespeitar Deus, uma gafe gravíssima em um país não laico em que a religião muçulmana é um parâmetro até mesmo na elaboração das leis.
Outro exemplo é a cultura asiática, que possui códigos muito diferentes dos países ocidentais. No Japão, por exemplo, é comum que não haja muita interação nas reuniões de trabalho, as pessoas não sentem necessidade de falar, como geralmente ocorre aqui. E isso não é interpretado como falta de atenção ou engajamento. E não são apenas desconfortos entre colegas de trabalho ou em uma viagem a lazer que o desrespeito a essas regras sociais pode gerar. Se levarmos para a esfera política, as consequências podem chegar a crises diplomáticas.
Podemos citar ainda o exemplo recente do presidente da Argentina, Alberto Fernández, que fez um comentário intercultural. A citação foi referente aos mexicanos, brasileiros e argentinos e gerou polêmica nas redes sociais e imprensa internacional. Um comentário equivocado que por mais que seja de autoridades, pode gerar problemas diplomáticos entre os países.
Voltando ao caso do médico brasileiro, o que podemos aprender com o fato é que a reputação não é alicerçada apenas no que nós dizemos sobre nós mesmos. Mas, sobretudo, nas nossas ações e em como elas impactam na vida das outras pessoas. Basta um deslize para que a marca pessoal sofra danos, por vezes podem ser reparáveis, outras não.
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